Acho que eu só preciso falar um pouco do meu sábado, assim, sem dar pinta de desequilibrada, sem dar pinta de nada. Quem sabe pára de parecer que é diferente e igual a tudo que existe.
Começou com uma ligação daquelas que as garotas esperam num sábado a noite e eu dei uma desculpa qualquer pra não ter que ser normal. Disse que estava com cólicas menstruais, com tpm, com frio, mas as cólicas eram mentais e eu queria mesmo fazer qualquer coisa sem os códigos e os sorrisos de sempre. Fui praquele lugarzinho mexicano tomar a cerveja verde que todo mundo achou super novidade e deixa um gostinho de menta na boca. Na mesa, amigos próximos, amigos que eu não via há cinco anos, amigos que eu beijo de vez em quando e desconhecidos extrovertidos que falam palavrões por simpatia. O mais legal é que ia rolar uma festa que toca Lady Gaga depois. E eu adoro a Lady Gaga.
Eu não sei, mas beber vodka pura é muito ridículo, é tão ridículo quanto paquerar aquela figura que vende as entradas da festa. Eu dancei, era o que dava pra fazer. Eu lembrei das coisas que já pareceram boa idéia por ali, olhei em volta e as mesmas carinhas e os mesmos casais desesperados. Dei uns malhos também, era o que dava pra fazer. E eu, dar uns malhos é sempre o ápice, mesmo que não seja. Mas o tempo passa.
As pessoas estavam todas nos seus lugares aleatórios e eu também.
Foi tudo tão longo, tão divertido, tão imbecil. O passar do tempo era inversamente proporcional a minha capacidade de manter uma conversa com a minha amiga sóbria que dirige. Eu tinha esquecido como era não precisar daquela coisa por fora que a gente usa o tempo todo.
Eu tinha cara de pau, juízo e mais nada. Na verdade eu fazia cara de filme pra falar. Eu sempre achei bonito isso, falar com cara de filme pra conseguir as coisas. Mas foi engraçado eu ignorar as sutilezas da vida e estragar as coisinhas boas sobre mim.
Eu resolvi que eu precisava ir pra casa e fui, cambaleando, fazendo piada e falando das estrelas que eu sequer via, bati a porta do carro e acenei pra portaria da festa. Acho que eu prometi que ligaria, sei lá... Abri a porta de casa e escutei o Tom pulando do sofá pro chão e podia jurar que ele reclamou do horário (Tom é o meu gato). O microondas parecia mais difícil de manusear, mas a coisa pré-preparada ficou gostosa e eu não lembro. O dia seguinte veio e a dor veio junto. A dor de um vazio, o vazio de sempre. Aquilo que eu precisava sentir pra saber que viver assim é melhor que ter uma boa reputação e não ter juízo algum. Enfim, foi um vazio que me fez ir a cardiologista na segunda. Não era nada.
Quinta-feira e eu li no site da Tati Bernardi que ela não vai mais ler os textos alheios e que achou um fã dela meio mala. Fiquei me perguntando se ela algum dia já leu as coisas que eu falo (as vezes eu até falo com ela) e agradeci a Deus por não ter mandando nada pra ela, porque eu estaria me achando o tal cara meio mala (mesmo ele sendo homem).
É que eu não sei. Eu leio gibi e horóscopo de jornal e não Hemingway, eu faço Computação e não Letras, eu assisto Family Guy e não Twin Peaks, seja lá o que seja isso, mas eu continuo escrevendo. Porque vai ver eu ganhe mesmo alguma coisa com isso ou vai ver eu aprenda a fazer isso que eu tanto gosto de fazer assim, fazendo.
Daí hoje passei a tarde comendo salada fria e “assistindo” o Polishop com o laptop no colo. Escrevi e agora to torcendo pra que meu próximo final de semana seja deferente dessa loucura que passou. Tá que você deve estar se perguntando por que eu acho que meu sábado foi uma loucura. É que, mais uma vez, eu falei das loucuras em códigos, gêneros e genéricos pra parecer que é diferente e igual a tudo que existe.
quinta-feira, julho 30, 2009
Diferente e igual a tudo que existe
sábado, julho 25, 2009
Cerveja verde
Fogo no balcão, um amor legal, cerveja verde, letras profundas e todo mundo na mesma. Fiquei me perguntando que diabos eu tava fazendo ali? Parece até que viver é fácil assim. O problema é que assim a vida parece só uma coisa que eu faço enquanto ela não acontece de verdade. Eu fico vivendo isso pensando que é só por enquanto. Sabendo que eu jamais sacrificaria minha liberdade de ser o que for por isso aqui. Jamais. Eu fiquei até pensando em doar tudo o que eu tinha praquela garota da mesa ao lado ou pra garçonete com cara de sofrida. Elas com certeza precisavam mais disso do que eu. Aliás, qualquer um precisa mais disso do que eu. Acho que eu precisava era sair correndo. Mas eu só continuava tomando aquela droga de cerveja verde e sorrindo.
terça-feira, julho 14, 2009
E são tantas coisas lindas pelo caminho. Tantas coisas lindas que não são nada e tudo bem.
São pontinhos de vida espalhados. São só coisas. É só um monte de felicidade.
E não é feliz, por alguma razão.
Só sei que toda essa felicidade em potencial me tranquiliza. De alguma forma me acalma essa coisa que não é felicidade, essa coisa que é multiplicada, espalhada e diluída.
É como uma fase fácil de um joguinho de minigame. É fraco, mas tudo bem.
E demora mesmo, você tem razão. Demora tanto que a gente fica achando que já é feliz antes mesmo de ser. E será que já não é mesmo? Tenho minhas dúvidas.
Ninguém no coração e dúvidas.
sexta-feira, julho 10, 2009
Estar viva
Essa é loucura de estar viva. É só isso. Ou melhor, é tudo isso.
A gente acha que precisa de uma camisa de força pra passar por isso com alguma classe.
Mas não precisa. A gente é mais forte do que pensa.
A gente não cansou de lutar. Apenas notou que as vezes é melhor não lutar.
Daí a gente fica achando que amoleceu, mudou, morreu. Mas ainda é a mesma e o que parece que anula, na verdade fortalece a gente.
A vida é um grande abrir mão de vida. Simplesmente ou infelizmente.
A gente engole sapos, espinhos, mata um leão por dia e espera que o mundo note. Mas o mundo esta ocupado demais tentando fazer a mesma coisa. A gente se frustra com isso.
A gente raciocina o tempo todo pra que dê tudo certo.
E a vida acontece exatamente entre um raciocínio lógico e outro neurótico.
A vida que é vida mesmo acontece quando a gente não ta fazendo planos ou pensando no que a gente perdeu pra estar ali.
As vezes perder é melhor do que lutar e vencer.
E caso dê algo errado, no que quer que seja, a gente vai saber que fez alguma coisa.
No final a gente pode até se arrepender de tudo o que fez, se achar boba e idiota, naturalmente, mas vai saber que nada foi em vão. Porque vai perceber que viveu de verdade enquanto achava que se perdia, que morria.
A Tati disse que "se o preço por ser um pouco feliz é ser um pouco idiota. Dane-se". Então dane-se mesmo.
A gente sente que morre por causa da vida e fica aborrecida, com raiva do mundo e quer chorar. Mas talvez a vida tenha mais sentido quando se morre um pouco por alguém ou por alguma coisa, porque talvez isso seja estar viva de verdade.
quarta-feira, julho 08, 2009
Sorte
E é exatamente nesses intervalos que eu sinto que a vida acontece de verdade.
Nesses intervalos eu posso chorar sem parecer fraca, confiar sem parecer boba e gostar sem precisar de razões pra isso.
É quando eu entendo que não preciso passar o tempo todo tentando definir quem eu sou só para não correr o risco de que outra pessoa faça isso por mim.
É quando eu sou livre pra escolher qualquer coisa, mesmo que eu não escolha.
Então eu acho que tenho sorte
E isso de ter sorte é tanta coisa que nem cabe tudo aqui.
Sorte é sol no sábado. Pijama até as três e amigos pra sempre.
Sorte saber que os problemas já podem ser substituídos.
Sorte é saber que eu sou forte, capaz e saudável.
É saber que eu não sou um monte de coisas. Mas que posso ser.
É ter pra quem ligar quando eu quero rir. Ou chorar.
Sorte é ter certezas.
De que vai dar tempo. De que vai dar saudade. De que vai dar certo.
E de que eu sou determinada a ponto de quebrar a cara e de não desistir com isso
.Sorte é abraço que é de verdade e amizade que é simples.
Sorte é sonhar
Saber que tudo, absolutamente tudo, passa.
É poder ser o que você quiser ser, o tempo todo.