quarta-feira, julho 16, 2008

De volta

Sábado, 04:28h da manhã.
Cheguei a casa em silêncio, joguei as chaves no criado mudo e a bolsa em cima da cama...
Me olhei no espelho: Meu cabelo lembrava mesmo o cabelo do Johnny Bravo, o lápis já tinha virado um borrão nos olhos mas não escondeu o sorriso involuntário que eu estava dando por causa da noite maluca que um dia eu hei de contar aqui.
Tudo passou pela minha cabeça em um segundo: Toda a ousadia das pessoas, toda a minha indignação com a loucura alheia, toda a dor de qualquer coisa, todos os possíveis acasos do mundo, tudo.
Eu estava orgulhosa de mim de uma forma que não fazia sentido e tinha alguma coisa me incomodando. Juro que daria um rim pra descobrir o que era.
Sentei em frente ao computador. Fiquei lendo textos antigos, remoendo coisas...
Mudei de humor: Senti angústia, senti como se estivesse chovendo ácido lá fora e eu não pudesse sair, senti como se não houvesse remédio pro que eu estava sentindo.
Não havia nada além do passar do tempo e o silêncio.
Pensei que talvez todo começo e fim sejam banais assim, que a quantidade seja a minha realidade e não tinha outro jeito. Me senti triste, lógico, mas tentei ver o lado bom, afinal de contas, toda essa ‘baderna’ me faria esquecer rapidinho qualquer problema.
Voltei à leitura.
Ah, se esse texto estúpido pudesse consertar os problemas, eu o leria todos os dias. Resmunguei enquanto lia seu ultimo bla bla bla.
Então eu tinha que escrever o que eu tava sentindo, era só arregaçar as mangas e começar, como eu sempre fiz, sem medo de parecer idiota. Mas alguma coisa não tava me deixando fazer.
Falta de inspiração, não era. Muito menos falta de assunto. Eu poderia escrever páginas e mais páginas sobre últimos acontecimentos com aquele orgulho desleal, mas o silêncio estava ferindo os meus ouvidos e eu, definitivamente, estava me sentindo fraca demais pra dizer 'te odeio' com alma de 'eu te amo’. Dessa vez seria inútil.
Percebi que tudo o eu precisava era admitir uma coisa pra mim mesma:
É que eu não estava nem aí pra toda essa gente e eu continuava querendo você.
O pensamento se arrastou pelos neurônios, mas saiu e mesmo sabendo que eu iria me arrepender pela amanha eu decidir colocar pra fora assim: sem propósito algum, só pra aliviar a dor.
Decidi dizer que na verdade eu não ligo pra quantidade, eu não quero o mais bonito, nem o mais rico, nem a mais gostosa, nem a mais qualquer coisa! Não estou nem ai pra nada mesmo e admito! Eu só queria você, daquela forma que eu acreditava.
E depois que isso saiu como se fosse um parto cerebral eu senti vontade de subir no telhado e gritar. Mas estava fraca de tanto acreditar.
Foi um sentimento de perda enorme, perdi inclusive a voz e fiquei em silêncio como se nada que eu fizesse fosse adiantar. Era tarde demais pra todo mundo e eu só podia mesmo era escrever pra ver se eu deixava de acreditar.Mais uma vez eu errei nisso de acreditar.E uma conclusão: a vida é muito irônica.
O que você disse que eu faria e te magoaria, foi o que você fez!
Eu fico aqui tentando dar explicações pra isso. Não sei se acho engraçado ou extremamente feioso. Adjetivo pra isso eu não
encontrei e não sei por que eu ainda meço as minhas palavras. Feioso? Eu podia usar algo mais cortante... Quanta demência meu Deus...
Tava me achando uma boba a ponto de dar risada e quase quebrar o elefantinho que o japonês jurou que me traria sorte no amor - Por seis reais? Ta né.
Então falei baixinho como se alguém mais estivesse no quarto pra me ouvir:"O que eu faço com tudo isso?" com aquela cara de quem acabou de ver a vinheta nova da MTV e não entendeu porra nenhuma... Então fiquei jurando que eu na próxima vez eu faria diferente e não acreditaria em mais nada, seria durona, faria jus a minha fama e não perderia um minuto de sono dando sorrisos fáceis pro teto do meu quarto com a cabeça no travesseiro.
Pensei em tudo isso com aquela expressão de quem decidiu que vai pular de pára-quedas pra mostrar que tem coragem!
Mas um segundo depois eu desisti da idéia. Percebi de relance que a vida não faz muito sentido quando a gente não acredita nas pessoas... A vida fica meio vazia.
Dói quando a gente percebe que defendeu um sentimento com unhas e dentes e fica com um “Mas por quê?” enorme entalado na garganta quando descobre que foi só uma coisa qualquer, eu sei.
Mas sabe de uma coisa? Eu vou continuar acreditando nas pessoas. Porque é assim que tem que ser, eu garanto.
Não deu outra, ri de novo da minha cara e fui dormir sentindo todos os medos do mundo e só uma lembrança na cabeça: Um Flavio meio bêbado dizendo sério que “tudo passa até uva-passa” e incrivelmente me fazendo rir quando eu não queria rir...

Um comentário:

Daniel Savio disse...

Bem, ser forte não quer dizer ser uma pessoa durona, é apenas se capaz de se reconstruir.
Não acreditar nas pessoas é muito triste, mas sempre haverá algumas pessoas que poderemos abrir o nosso coração, sendo que geralmente chamamos de amigos (é claro que há alguns que são os melhores entre os nossos amigos)...
E no geral menina, está tudo tranquilo?
Para (não) variar, estou trabalhando em alto mar e por isso sem novidades.
Fica com Deus menina.
Um abraço.