quinta-feira, julho 30, 2009

Diferente e igual a tudo que existe

Acho que eu só preciso falar um pouco do meu sábado, assim, sem dar pinta de desequilibrada, sem dar pinta de nada. Quem sabe pára de parecer que é diferente e igual a tudo que existe.
Começou com uma ligação daquelas que as garotas esperam num sábado a noite e eu dei uma desculpa qualquer pra não ter que ser normal. Disse que estava com cólicas menstruais, com tpm, com frio, mas as cólicas eram mentais e eu queria mesmo fazer qualquer coisa sem os códigos e os sorrisos de sempre. Fui praquele lugarzinho mexicano tomar a cerveja verde que todo mundo achou super novidade e deixa um gostinho de menta na boca. Na mesa, amigos próximos, amigos que eu não via há cinco anos, amigos que eu beijo de vez em quando e desconhecidos extrovertidos que falam palavrões por simpatia. O mais legal é que ia rolar uma festa que toca Lady Gaga depois. E eu adoro a Lady Gaga.
Eu não sei, mas beber vodka pura é muito ridículo, é tão ridículo quanto paquerar aquela figura que vende as entradas da festa. Eu dancei, era o que dava pra fazer. Eu lembrei das coisas que já pareceram boa idéia por ali, olhei em volta e as mesmas carinhas e os mesmos casais desesperados. Dei uns malhos também, era o que dava pra fazer. E eu, dar uns malhos é sempre o ápice, mesmo que não seja. Mas o tempo passa.
As pessoas estavam todas nos seus lugares aleatórios e eu também.
Foi tudo tão longo, tão divertido, tão imbecil. O passar do tempo era inversamente proporcional a minha capacidade de manter uma conversa com a minha amiga sóbria que dirige. Eu tinha esquecido como era não precisar daquela coisa por fora que a gente usa o tempo todo.
Eu tinha cara de pau, juízo e mais nada. Na verdade eu fazia cara de filme pra falar. Eu sempre achei bonito isso, falar com cara de filme pra conseguir as coisas. Mas foi engraçado eu ignorar as sutilezas da vida e estragar as coisinhas boas sobre mim.
Eu resolvi que eu precisava ir pra casa e fui, cambaleando, fazendo piada e falando das estrelas que eu sequer via, bati a porta do carro e acenei pra portaria da festa. Acho que eu prometi que ligaria, sei lá... Abri a porta de casa e escutei o Tom pulando do sofá pro chão e podia jurar que ele reclamou do horário (Tom é o meu gato). O microondas parecia mais difícil de manusear, mas a coisa pré-preparada ficou gostosa e eu não lembro. O dia seguinte veio e a dor veio junto. A dor de um vazio, o vazio de sempre. Aquilo que eu precisava sentir pra saber que viver assim é melhor que ter uma boa reputação e não ter juízo algum. Enfim, foi um vazio que me fez ir a cardiologista na segunda. Não era nada.
Quinta-feira e eu li no site da Tati Bernardi que ela não vai mais ler os textos alheios e que achou um fã dela meio mala. Fiquei me perguntando se ela algum dia já leu as coisas que eu falo (as vezes eu até falo com ela) e agradeci a Deus por não ter mandando nada pra ela, porque eu estaria me achando o tal cara meio mala (mesmo ele sendo homem).
É que eu não sei. Eu leio gibi e horóscopo de jornal e não Hemingway, eu faço Computação e não Letras, eu assisto Family Guy e não Twin Peaks, seja lá o que seja isso, mas eu continuo escrevendo. Porque vai ver eu ganhe mesmo alguma coisa com isso ou vai ver eu aprenda a fazer isso que eu tanto gosto de fazer assim, fazendo.
Daí hoje passei a tarde comendo salada fria e “assistindo” o Polishop com o laptop no colo. Escrevi e agora to torcendo pra que meu próximo final de semana seja deferente dessa loucura que passou. Tá que você deve estar se perguntando por que eu acho que meu sábado foi uma loucura. É que, mais uma vez, eu falei das loucuras em códigos, gêneros e genéricos pra parecer que é diferente e igual a tudo que existe.

7 comentários:

Fernanda disse...

Porque as vezes as coisas mais iguais se tornam diferente e especiais.
Quando der,passa no meu blog,um selo pra você. (www.saososimplesjujubas.blogspot.com
E continue escrevendo,viu?

Franklin Catan disse...

Simplesmente é um dos melhores blog que eu já li.
Seus textos são show de bola, e são coisas do cotidiano, isso faz a diferença, texto escrito de uma forma diferente e divertida.. Parabéns....
Já estou te seguindo!
Estarei sempre por aqui!

Daniel Savio disse...

Aff, anda muito down e pensativa...

Então por que não coloca realmente para as coisas andar?

Fique com Deus, menina Rosana.
Um abraço.

Franklin Catan disse...

Olá, Obrigado por ter visitado o meu, continue sempre olhando estarei vindo aqui tbm.. então vc me perguntou sobre, onde faço curso de ator é isso?
bejios!

Soraia Yumi disse...

Rô,
Existe alguma coisa chamada "Alegria momentanea",é uma falsa impressão de que é aquilo que precisamos no momento,daí passa e nem conseguimos ver a placa do trator...
Escrever é muito bom, alivia,descarrega, serve pra um montão de coisas, e vc escreve muito bem, tão bem quanto a Tati pode acreditar.
Não desista,tanto nas tais alegrias,quanto no escrever.
Gostei do seu blog que achei através do Daniel.

Bjão!

Lucas Lima disse...

poxa gostei muito deste texto, sobre igualdades e diferenças, escreves muito bem, devias postar mais, rs
Bons Dias

Bárbara Oliveira disse...

fantastico ! Continue assim, refletindo as coisas ! Amei os textos e com certeza serei sua fã numero UM !